Normalmente, um supervilão existe como contraposição ao bem,
personalizado no super-herói. Agora, com Coringa
(2019), o diretor Todd Phillips tenta entregar um vilão sem seu famoso antagonista,
Batman.[1]
Coringa é um bom filme de drama, e um bom filme de super-herói (isto é, de
vilão de super-herói), adaptando com criatividade a história e o visual das HQs
para outro veículo, usando com eficiência as técnicas cinematográficas. Sua
fotografia amarelada, a câmera tremida, a câmera lenta, os close-ups estourados, os plot
twists, a performance sem
sutilezas de Joaquin Phoenix – tudo intensifica a experiência de acompanhar ladeira abaixo uma mente
doentia.[2]
Para não desrespeitar a extensa folha corrida do supervilão nos
quadrinhos, onde desde 1940 é o insano arqui-inimigo do Batman, completamente
imprevisível, sem origem certa nem motivações racionais, mas com um bizarro senso
de humor, a estratégia foi contar uma história de origem, com a óbvia vantagem
de ser o protagonista do filme e não ter o antagonismo de um mascarado de
orelhas pontudas para atrapalhar seus planos malignos.